A propósito dos acontecimentos a que todos vamos assistindo diariamente e que de um ou outro modo nos afetam, direta ou indiretamente, como a Guerra interminável na Ucrânia; a economia mundial fragilizada e o impacto no quotidiano das pessoas ou o temor do aparecimento de variantes do vírus COVID, faz com que nos sintamos, por vezes, inseguros, impotentes, amedrontados com o futuro incerto.
É verdade que determinados factos e problemas nos tiram do sério, nos perturbam assim que nos levantamos, e isso é aceitável, mas será que já paramos um pouco e refletimos que nos dedicamos mais, às vezes, a pensar no que vai acontecer do que no que se está a viver?
Esta forma de pensar tão comum ao ser humano foi o mote para este artigo de opinião e a reflexão em torno de um heterónimo de Fernando Pessoa, de seu nome Ricardo Reis, que defendia que a vida é breve e deve ser usufruída de forma tranquila e equilibrada, já que é impossível vencer o implacável Destino. Quer acreditemos ou nesta força invisível, é comummente aceite e necessário não ficarmos ansiosos com o que ainda não aconteceu esabermos apreciar os pequenos momentos e os instantes da vida, tal como defendia Ricardo Reis: “Vê de longe a vida/Nunca a interrogues”.
Esta filosofia de vida mostra-nos que a realidade nem sempre corresponde ao que desejamos, nem sempre os nossos piores receios se concretizam. Por isso, ao aproximarmo-nos de uma quadra festiva tão significante para a humanidade, devemos prescindir do ritmo desenfreado e da azáfama habitual na procura do presente ideal para dar aos nossos familiares e amigos mais próximos, pois cada vez mais me convenço que a valorização do Natal, tal como outros acontecimentos que ocorrem no decurso da vida ganham mais brilho e sentido, se forem vividos de forma simples e despreocupada. Para essa magia acontecer é preciso privilegiar-se o convívio e a partilha de sentimentos, num mundo cada vez mais materialista, apreciando os pequenos momentos que surgem ao virar da esquina. Por conseguinte, quanto mais soubermos viver serenamente a Vida, certamente que seremos pessoas mais felizes e realizadas, visto que, infelizmente, para todos nós, já é motivo de tristeza e preocupação o desconcerto em que o mundo se transformou.
Votos de bom Natal e carpe diem (viver o momento presente)