Com 42 anos de existência, e apesar de um certo abandono do mundo rural, a Agritábua – Cooperativa Agrícola de Tábua, continua a manter-se como um importante centro de apoio aos agricultores do concelho.
Essencialmente pelo papel que continua a desempenhar junto da pequena agricultura, com a venda de uma vasta gama de produtos e materiais para a lavoura, mas também porque se assume como uma espécie de “regulador de preços” face à concorrência.
A cumprir o segundo mandato de quatro anos à frente da direção da instituição, nascida depois da extinção do antigo Grémio da Lavoura, Aníbal Rodrigues, é um presidente que faz questão de dizer presente no dia a dia da gestão da Cooperativa tabuense que, apesar de respirar agora saúde financeira, já passou por maus momentos. Na década de 80, sobretudo, com a quebra acentuada das vendas, e no inicio dos anos 90, a direção viu-se forçada a propor um saneamento financeiro da instituição. Na altura, Aníbal Rodrigues entrou para a Assembleia Geral, e propôs a venda de um terreno contiguo ao atual armazém onde entretanto se ergueu um prédio de habitação para fazer face aos sucessivos resultados negativos da Cooperativa. “Ou vendíamos ou fechávamos a porta”, recorda o presidente que chegou a temer o encerramento da casa, à semelhança do que aconteceu a muitas das suas congéneres nos concelhos vizinhos, que acabavam de ser “esvaziadas” com a vinda de novos estabelecimentos comerciais concorrentes. “Na altura fecharam quase todas aqui à volta e esta também podia ter fechado”, lembra o presidente, que contribuiu para que isso não acontecesse, ajudando a tentar encontrar, juntamente com a direção, uma solução para reerguer a Cooperativa de anos consecutivos no “negativo”.
Começaram por arrendar parte das instalações a um grande armazenista e empresário de Tábua, na época, Vasco Figueiredo, conseguindo com a receita da renda reequilibrar as contas a pouco e pouco. O dinheiro da venda do terreno (cerca de 18 mil contos) foi , todavia, a pedra de toque para a Cooperativa começar a dar a volta à situação e começar a expandir as vendas, oferecendo aos cooperantes um leque cada vez mais alargado de produtos agrícolas. “Sem mercadoria não se faz nada, como está bom de ver”, observa o presidente. Com mais de três mil cooperantes, a Agritábua soube, no entanto, regressar ao mercado e fidelizar a clientela sobretudo através dos preços. Numa altura em que a inflação atinge níveis históricos no país, a Cooperativa tabuense preocupa-se também não especular os preços, e em servir de “tampão” à espiral inflacionista.
“As nossas margens são muito pequenas e a casa tem vendido mais, tem subido”, faz notar o presidente da direção, lembrando que o volume de faturação tem vindo sempre a crescer, apresentando em 2021 resultados líquidos positivos na ordem dos 20 mil euros.
“O ano passado passámos de 1 milhão de euros de faturação e este ano, já vamos com uma margem superior nas vendas, mas só analisando bem as contas vamos poder dizer se a “ultrapassagem” foi pelo aumento das vendas ou pela subida dos preços”, revela Aníbal Rodrigues, não tendo dúvidas que a pandemia veio incrementar também um pouco as vendas neste setor. “Para nós foi boa, muita gente começou a cultivar, já se nota as pessoas, até alguma gente mais jovem, que têm o seu quintalito, a gostarem de ter as suas coisas”, constata, com um lamento: não poder vender aquilo que é a “sobra” dos agricultores. “Podíamos ter aqui as batatas, as cebolas, o azeite, o vinho, a aguardente que muitos têm a mais para venda, mas como não estão coletados, não podemos ter aqui essas coisas, e acabamos por comprar lá fora, tenho muita pena”, diz. Uma “lacuna” que compensam de certa forma com os serviços da zona agrária que têm ali um espaço a título gratuito, e o consultório veterinário que funciona nas instalações também com uma renda com um valor mais reduzido, de forma a poder oferecer algum apoio a quem tem animais, nomeadamente para produção.
Com a Cooperativa de boa saúde financeira, a direção tem apostado em pequenos investimentos, sobretudo em obras de manutenção, indispensáveis ao bom funcionamento da casa. “Há sempre pequenos arranjos para fazer” sublinha Aníbal Rodrigues, apontando para a recente pintura da fachada e para a cobertura que se preparam para instalar na zona de cargas e descargas. De resto pode dizer-se que 2022 já é um ano ganho, prevendo-se que, tal como 2021, chegue ao fim com resultados positivos, possibilitando à atual direção continuar a cumprir a missão de apoio aos agricultores do concelho.