Há hoje uma dicotomia entre o Portugal Litoral e o Portugal do Interior. E onde se substancia essa diferença? Em vários aspetos, mas refiro-me apenas a três, pois são múltiplos e inúmeros os exemplos.
O primeiro tem que ver logo com a falta de pessoas, isto é o despovoamento/desertificação destes territórios. O segundo, a falta de postos de trabalho diferenciadores, por falta de empresas que consigam absorver mão de obra qualificada. E o terceiro está inevitavelmente relacionado com a capacidade de atração de novas gerações – uma geração em que o país tanto dinheiro investe, sendo mesmo considerada a geração mais qualificada de sempre por outros países com melhores salários.
Chegados aqui, como podemos fazer o regresso de novos residentes?
Como podemos fazer para seduzir novas empresas?
Aquilo que constatamos é que Portugal tem aumentado a sua população com os novos imigrantes de várias nacionalidades. Pela primeira vez, desde há muitos anos, temos um saldo positivo entre nascimentos e óbitos, devido à imigração para o nosso país.
A captação de novas empresas tem que ser um trabalho de diversos organismos estatais, que o podem e devem fazer. As autarquias tentam, mas nem sempre conseguem, sobretudo quando estão em causa grandes empresas.
Poderíamos discutir como chegámos aqui e a este estado. Mas mais importante é discutir com que políticas poderemos inverter estas desigualdades para construirmos um Portugal mais coeso e com um futuro mais risonho.
Muitas medidas de descriminação positiva têm sido tomadas com propostas da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e pelo Governo da República, liderado por António Costa. Mas ainda há muito caminho para fazer.
Na minha opinião precisamos de algumas medidas cirúrgicas que poderão inverter este estado de coisas.
Temos, por exemplo, que pensar num novo código do IRC, com incentivos para todas as empresas a instalar e já instaladas nos territórios classificados de baixa densidade.
E temos também de pensar em baixar o IRS em cinco por cento aos trabalhadores que vivem nestes territórios.
Até porque através dos diferentes quadros comunitários e do empenho dos autarcas, estes territórios têm hoje muita qualidade de vida, com exceção das vias de comunicação, como é o caso do IC6, e também do acesso a cuidados de saúde.
Não podemos ter um país com um sistema de saúde para ricos e outro para pobres!
A palavra é de esperança num Portugal mais coeso … eu sou dos que ainda acredita nesse desiderato.
Por isso, espero que o Governo suportado pelo Partido pelo qual fui eleito como deputado, ouça os autarcas e os deputados destes territórios.
A voz e o voto do povo que vive no chamado Portugal interior, devem sempre ser tidos em linha de conta.
E nós sabemos bem o que queremos. Queremos um Portugal que não deixe nenhum português nem nenhuma parcela do seu território para trás!
José Carlos Alexandrino