Abriu em 2019 pela mão de um conhecido casal de holandeses – Klaas Zwart e Francien Nijhof, há vários anos radicado no concelho de Tábua, e já com uma larga experiência no cultivo de cogumelos. Quase cinco anos depois e com uma pandemia pelo meio, que lhe fechou as portas pouco tempo depois de as abrir, o restaurante Verdelhão, situado num amplo pavilhão na rua da indústria, que contrasta com o ambiente casual e acolhedor do seu interior, é hoje uma referência da gastronomia local, pela aposta na cozinha saudável, mas também pela forma como esta é servida à mesa.
Antes do restaurante, o casal holandês começou por uma mercearia de produtos biológicos, que acabou por ser a continuação daquilo fazia já aos domingos no mercado municipal de Tábua, onde além dos cogumelos de
produção própria, vendia vários produtos hortícolas e frutícolas de produtores locais. A estes frescos juntaram-se entretanto uma variedade enorme de outros produtos alimentares, de cosmética e medicinais que têm atraído e fidelizado cada vez mais clientes. “A loja está a bombar”, garante o proprietário, que dá conta da subida exponencial das vendas, ainda na pandemia. “Com o corona as pessoas optaram pelo mais saudável e a loja cresceu e cresceu”, refere ao nosso jornal, acreditando que apesar de “estar tudo muito mais caro” sobretudo o que é “bio”, a loja vai “ficar estável”. Até porque não há muita oferta na região. “Temos muitas pessoas com problemas com glutén, com açucar que vêm aqui comprar”, adianta Klaas, que apostou num mercado que muitos julgavam não fazer sentido num meio “tão pequeno” como era Tábua. “Muitos riam-se, mas aquilo que nós vemos é que mesmo os mais jovens fazem a sua horta durante 1 ou 2 anos e desistem porque dá muito trabalho e preferem comprar”, conta o engenheiro do ambiente, radicado desde 1996 nesta região, juntamente com a mulher Francien, engenheira agrónoma de formação, que justifica assim o foco na venda de produtos biológicos.
Comer bem num ambiente sofisticado e descontraído
Além do espaço por preencher no imenso pavilhão da rua da indústria, a ideia do restaurante vinha ganhando cada vez mais forma. Durante anos, os dois engenheiros dedicaram-se ao cultivo de cogumelos shitake frescos e foram mesmo os primeiros produtores no país, a partir de Tábua, a produzir esta variedade, o que lhes abriu as portas dos melhores e mais prestigiados clientes na área da hotelaria e restauração. “Fornecemos todos os estrela Michelin, estávamos todas as semanas em Lisboa em grandes hóteis e restaurantes”, conta Klaas, que em 2021 decide pôr um ponto final no negócio dos cogumelos, para ficar apenas com a gestão do Verdelhão, atualmente dividido em três espaços distintos: a mercearia, o restaurante no 1º andar e o lounge bar no rés do chão, que se estende para o exterior, com uma esplanada que funciona mal o tempo começa a aquecer.
Embora com ambientes diferentes, o restaurante com uma decoração mais “sofisticada” e o lounge com um “layout” mais descontraído, os dois partilham da cozinha. Na carta do restaurante destaca-se ao almoço o menu executivo, pensado essencialmente em pessoas com pouco tempo para comer, mas que gostam de comer bem, tendo sempre as três opções: peixe, carne ou prato vegetariano. Já no lounge, o conceito é ligeiramente diferente. O menu económico com sumo natural do dia, abre o leque de opções a quem quer comer saudável e não quer gastar muito dinheiro. Neste espaço, com ambiente cosmopolita, há ainda várias opções para fazer refeições saudáveis ao longo do dia, como explica Andreia Ferreira que juntamente com o marido, aceitou o desafio de Klaas para vir dar uma nova vida ao lounge bar do Verdelhão. Aqui, a ideia começa logo pela manhã de “dar alternativas ao pequeno almoço das pastelarias tradicionais”, diz Andreia, que além dos bolos caseiros, à base de ingredientes da loja bio, faz as famosas panquecas, taças de iogurte com granola e fruta e torradas com manteiga de amendoim a acompanhar com sumos naturais. Ao almoço as opções podem ir do menu económico, ao executivo ou mesmo à carta, onde se destacam os famosos risotos e os hambúrgueres. Para quem costuma almoçar fora de horas, há ainda a possibilidade do brunch, de segunda a sábado, sempre com a mesma preocupação de valorizar os produtos locais e da época.
“Queremos dar ao cliente aquilo que ele quer”
A liderar a cozinha do Verdelhão vai para cinco anos, o Chef. Ricardo Cristino, aposta também ele essencialmente na qualidade dos produtos e o resultado não poderia ser mais satisfatório. “Temos todo o tipo de clientes, durante a semana, mais o cliente executivo, e ao fim de semana, mais passantes e pessoas que conhecem o restaurante e que vêm com alguma frequência”, diz o jovem tabuense, que desde muito tenra idade ganhou o gosto pela cozinha e se apaixonou pela arte. Licenciou-se na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, passou por vários hóteis, entre eles um 5 estrelas da região, e hoje faz o que mais gosta que é criar novas sensações e sabores a partir de produtos mais ou menos tradicionais. Klaas, o gerente, acrescenta: “aqui podemos poupar em muita coisa, menos na matéria prima”. O Chef. subscreve e adianta “ a nossa preocupação é sempre a qualidade, privilegiando a confeção e a apresentação dos pratos”. Em suma, “queremos dar ao cliente aquilo que ele quer”, diz, satisfeito com a procura que a casa tem vindo a registar. “Hoje em dia faz sentido fazer uma reserva antes, estamos quase diariamente esgotados”, remata Klaas, já com “mil e uma ideias” para as restantes salas que estão por ocupar.