O artista popular Gabriell lançou, no passado mês de março, o álbum comemorativo dos seus 20 anos de carreira. Chama-se “20 Anos a Cantar” e reúne os maiores sucessos do cantor que, quando tinha apenas 8 anos, sonhava “andar de avião e correr o mundo a cantar”. Em 2024, Gabriell aposta na realização de concertos com banda e promete proporcionar grandes espetáculos. Cabeça de cartaz da FACIT, o artista garante que está a preparar um “concerto muito especial”.
O Gabriell está a comemorar 20 ano de carreira. Tinha que assinalar esta data?
Eu acho que sim. Era obrigatório. Estamos a falar de uma criança que, com apenas oito anos, começou a tocar concertina numa pequena aldeia chamada Pomares, no concelho de Arganil, de onde sou natural. Uma criança que sonhava ser cantora, sonhava andar de avião e correr o mundo. Eu pensava que tudo isso seria quase impossível. Morava naquela aldeia, onde era muito raro alguém sair, andar de avião e viajar e correr o mundo a cantar.
Eu tinha esse sonho e sempre acreditei. E acho que foi mesmo o acreditar que fez com que tudo isso acontecesse.
Será esse o segredo? Acreditar?
Sim, e também sou um homem de muita fé. Acredito muito em Deus e faço as minhas orações sempre que entro em placo, porque isso acaba por me dar sempre uma força interior muito grande. Eu sempre acreditei que um dia poderia concretizar os meus sonhos. Acho que esse dia chegou. E hoje, ao fim de 20 anos, poder dizer que ainda aqui estou e poder continuar a cantar pelos palcos e por este mundo fora é gratificante, sem dúvida.
Lançou um tema para assinalar estes 20 anos e um novo álbum.
Exatamente. Lancei um álbum com 20 temas. Quis com isso representar um tema por cada ano de existência como Gabriell e fiz questão de fazer um tema diferente, com um conceito diferente, um tema de comemoração dos 20 anos. Acho que acabei por conseguir fazer um grande tema, composto aqui neste estúdio e tocado aqui. Tanto a música, como a letra foram feitas por mim e depois acabou por ser produzido e finalizado com um grande produtor com quem tenho o privilégio de estar a trabalhar que é o grande Lucas, teclista dos Santa Maria. Ele entrou neste projeto comigo, é um grande produtor.
Entende que é importante ter bons profissionais ao seu lado?
Sim, nós para conseguirmos vingar e marcar a diferença temos que estar com os melhores. O mesmo se passa com a formação da banda este ano. Também tive o cuidado de selecionar e escolher músicos de vários pontos do país. Alguns são daqui, outros são de Lisboa. Também para podermos conseguir transmitir mais qualidade, porque sempre tive muito cuidado com isso e, se calhar por isso, é que também consegui marcar a diferença.
Que temas é que selecionou para assinalar estes 20 anos de carreira?
O disco vai abri com os “20 anos a cantar”, que é o tema de comemoração. Depois fui buscar o “É só kuduro”, um tema com que tive bastante êxito quando saiu na altura e continua a ter. Também o “Ó Sr. padre”, “A foto”, “Sou Bombeiro”. O “Obrigado filhos” foi mais um tema novo que eu gravei que está neste disco e vamos gravar o videoclip nos Açores, neste fim de semana. Antes disso ainda estarei no Preço Certo, mas depois partimos para os Açores para a gravação do videoclip.
É uma canção dedicada aos seus filhos?
Sim, é uma música onde eles estão a cantar também com o pai. É uma música muito interessante e acaba também por ser uma recordação. Um dia quando chegar também a minha hora de partir, é um tema que vai ficar e em que os filhos também podem recordar o pai e o que o pai fez com eles. É mais um tema novo e que está muito bonito.
Depois temos o “Encosta Baby” gravado no estúdio dos Nemanus na altura. O “Se eu cozinho eu como” é mais um tema novo na linha popular. “O Obrigado” é um tema que eu costumo cantar em todos os meus espetáculos. A “Boa Fada” é conhecida por muita gente e o “Bate na Palma da Mão”, … são muitos os êxitos que me têm acompanhado nestes 20 anos.
O álbum abre com o tema novo “20 anos a cantar”. É uma canção que resume o seu percurso nestes últimos 20 anos?
Sim. Na minha música falo de uma criança que vive no interior do país e tinha o sonho de um dia poder correr o mundo a cantar e o sonho tornou-se realidade. Fiz o resumo dessa história. Construí a letra e temos aí o resultado. Acho que está aí um grande tema também e está a ter uma grande aceitação por todo o público.
Na comemoração dos 20 anos decidiu apostar numa banda. E fez o primeiro concerto com banda em Oliveira do Hospital…
Precisamente. Foi um grande concerto, onde fui muito acarinhado mais uma vez, por todo o público. Tivemos uma grande casa, com muita gente a assistir, que nos deu aquela força e nos veio dar os parabéns no final do concerto. Porque é um concerto com uma dinâmica totalmente diferente. Este ano optei por não aceitar nenhum concerto com playback instrumental. Só estou a aceitar com banda e, neste momento, já vamos com bastantes concertos marcados de norte a sul do país. Optei por trabalhar só com banda para marcar a diferença e pelo prazer que me dá. Estar em cima do palco com uma banda ao vivo é completamente diferente.
O Gabriell vai ser o cabeça de cartaz da FACIT. Este reconhecimento que a região lhe dá, de alguma forma o sensibiliza e lhe dá ainda mais força para continuar?
Claro que sim. O reconhecimento que os municípios dão aos grupos ou aos artistas da terra é importante, porque isso acaba por nos dar uma grande força. Quando vemos que o nosso trabalho é reconhecido e, no meu caso, ser cabeça de cartaz na abertura da FACIT é uma grande responsabilidade e isso obriga-nos a fazer mais e melhor e acaba por nos dar muita força. E acima de tudo, continuamos a acreditar que vamos no caminho certo. Vai haver mais Municípios que têm o Gabriell contratado e a sua banda. Farei a divulgação na altura em que me for permitido fazer. Podem acompanhar através do Instagram e do Facebook.
Mas este espetáculo que vou fazer na FACIT é muito especial, com 23 pessoas a trabalhar e onde está incluída uma secção de metais a nível de banda, trombone de varas, trompete e saxofone com músicos que estão na banda da GNR, assim como também o baterista, o André, que esta a fazer o espetáculo dos Anjos no Altice Arena. São grandes músicos…. Tenho também um grande guitarrista, que é o Vítor do concelho de Oliveira do Hospital e um baixista. Tudo gente que já passou por grandes projetos e grandes bandas e são grandes músicos. Também o Miguel Calado. Tive o cuidado de juntar aqui os melhores para conseguir apresentar um produto diferente e com muita qualidade.
No espetáculo da FACIT vamos ter também um grupo de dança hip hop, uma representação do rancho de Candosa que também vai entrar e muito mais coisas que vão acontecer, mas não posso dizer tudo. Mas somos 23 pessoas que estamos a trabalhar muito.
Promete um grande espetáculo?
Sem dúvidas nenhumas. Estou convicto que sim, que vai ser um grande concerto.
Referiu que vários municípios já contrataram o seu espetáculo. Espera-se uma grande tournée? Em 2024 não vai parar?
Não vou parar. Este ano só estou a trabalhar com banda. Vou estar em Santo António do Alva, Cabeça de Eiras, Armamar, Tentúgal, Amarante, Condeixa, Coimbra. No último fim de semana de agosto vamos estar nos Açores com mas quatro espetáculos. Penso que é no dia 23 na ilha Terceira, depois nos dias 24, 25 e 26 em Ponta Delgada com mais três concertos. O mês de agosto está praticamente já fechado. Em setembro temos alguns concertos e temos também um grande concerto para anunciar quando chegar a altura certa.
Percebo que tem um carinho especial pelos Açores. É lá que vai gravar o videoclip com os seus filhos …
Tenho lá muitos amigos, muita gente amiga e muita gente que gosta do Gabriell. Já há muitos anos que vou cantar aos Açores. Aliás cheguei a estar um mês inteiro nos Açores e a correr as ilhas todas a cantar. E na Madeira também nas festas de Sant’Ana onde estive com a minha banda, em Porto Santo.
Acabei por ganhar lá muitas amizades e tenho o privilégio de trabalhar com um grande empresário, daa Azores Fest, que esteve aqui em minha casa a passar uns dias. Já trabalho com ele há bastante tempo e ele orienta-me sempre bastantes espetáculos nos Açores.
É sempre um privilégio ir às ilhas, ir à Madeira. Adoro. Assim como também ir ao Canadá. Tenho muitos amigos no Canadá. E também na América. Ainda há pouco tempo estivemos em Nova Iorque e em Newark.
Também realiza concertos fora de Portugal?
Sim, sim. Estive lá (na América) quase duas semanas e tive o privilégio de levar a minha família comigo também. As pessoas fizeram questão que eu levasse a minha família. Foi uma surpresa agradável também para os meninos, estivemos em Times Square, Nova Iorque. É giro quando podemos conciliar, quando vamos em trabalho, trabalhamos e aproveitamos e conhecemos também um bocadinho aquilo que de bom há para descobrir.
Estamos a conhecer o Gabriell artista. E o homem? Como é que define o seu percurso enquanto pessoa?
Eu sempre fui uma pessoa que fui à luta. Sempre trabalhei, sempre tive as minhas empresas e continuo a tê-las e a zelar pelo bem dos meus filhos e da minha família, para conseguirmos ter uma vida confortável.
O Gabriell é casado e tem dois filhos. Como é que se chamam os seus filhos?
Rodrigo e Gabriel. O Gabriel é o mais novo e o Rodrigo está-se quase a ir embora, tem 21 anos e vai agora estagiar para a República Checa, vai fazer Erasmus. Está quase a terminar a formação.
A sua família é também a base do seu sucesso?
Sem dúvidas nenhumas. Somos muito unidos. Os meus filhos ajudam-me muito e preocupam-se mais às vezes comigo do que eu próprio. Estão sempre preocupados, por vezes dizem-me “pai o palco não tem condições, vamos pedir outro palco, esta produção não chega”. Foi um bocado aquilo que lhes fui transmitindo ao longo da minha carreira, e todos os cuidados a ter com a nossa imagem e tentamos sempre marcar a diferença quando estamos presentes ou num concerto. Acho que interiorizaram toda essa aprendizagem e, hoje, são eles que me dão na cabeça e me dizem: “pai não leves essa roupa, leva aquele casaco que fica mais fixe”. Isto é interessante, quando trabalhamos todos para o mesmo lado.
E a sua esposa também está consigo neste projeto, não é?
Completamente. A Paula faz parte dos coros, é back vocals. Estamos junto há 24 anos e não nos cansamos um do outro, é bom sinal. Continuamos em frente, a seguir os nossos sonhos e tenho o privilégio de ter uma família linda, que está sempre junto a mim e que me apoia muito e me dá muita força.
O Gabriell não é só música. Tem toda uma outra vida de trabalho…
Sim, eu dou trabalho a muita gente. Nas nossas empresas damos trabalho a cerca de 13 a 14 pessoas. A minha mulher tem uma empresa de limpezas domésticas. O grupo Festa Nossa engloba empresa de silvicultura, construção civil, espetáculos, aluguer de som, venda de artistas, nós fazemos de tudo um bocadinho. Não é só da música. Trabalhamos muito e lutamos muito e a música é aquilo que eu realmente gosto de fazer. Mas para conseguir ter aquele conforto musicalmente e poder fazer mais um bocadinho daquilo que gosto, é importante a outra parte também.
Portanto, o segredo está mesmo no trabalho?
Eu acho que sim. Neste momento, a música de certeza que chegaria para nós vivermos tranquilos. Graças a Deus temos a nossa casa feita, com a ajuda dos filhos que também trabalharam. Toda a gente ajudou. Isto não é nada meu, isto é de todos. Tudo o que conseguimos foi com o nosso trabalho, o nosso suor, honestamente. É muito bom agora poder dizer que valeu a pena.
Gabriell, agora que venham mais 20 anos?
Que venham mais 20 anos, com muita saúde, muita paz e muito amor. E que eu continue a conseguir fazer os meus temas, a gravar e a fazer aquilo que mais amo que é cantar e andar aí, por esse mundo fora.