A comemorar duas décadas de atividade, a Biblioteca Pública Municipal João Brandão promove por estes dias (de 1 a 3 de junho) a IX Tábua de Leituras, com um conjunto de iniciativas que visam uma maior aproximação com a comunidade.
Esse tem sido sempre o desiderato da Biblioteca, que desde 2001 procurou definir o seu caminho enquanto espaço público dedicado ao livro e à leitura, mas que hoje é “um espaço vivo”, de encontro entre pessoas e de leituras várias. Nesse contexto surgiu a Tábua de Leituras, com realização de dois em dois anos, mas que devido à pandemia teve um intervalo de quatro anos desde a última edição no ano de 2018. Ana Paula Neves, diretora da Biblioteca reconhece que é “um hiato demasiado grande” que provocou nas pessoas “algum gosto de estar em casa”.
Do recente contexto surge reforçada a ideia de “ir ao encontro da comunidade”. Ana Paula Neves não tem dúvida de que “este é o caminho”. Exemplo disso é a “Tábua de Leituras” que, desde a sua criação, se apresenta com uma “grande festa da leitura”, mas que não se esgota na leitura de livros.
“É também a leitura de fotografias, de quadros, espaços e paisagens”, explica a responsável, notando que por isso a “Tábua de Leituras” envolve um conjunto de iniciativas, que permite várias leituras culturais.
Este é “caminho para uma biblioteca do século XXI e uma biblioteca de futuro que hoje se discute muito”, entende Ana Paula Neves que não se assusta “nada” com as novas tecnologias. “Pelo contrário vêm complementar o nosso trabalho”, refere tranquila.
Nos três dias da “Tábua de Leituras”, a Biblioteca chama a si as pessoas que ajudaram no percurso de 20 anos da Biblioteca, mas sai de portas com um conjunto de iniciativas que “vão além dos livros”. O objetivo, reforça, é de fazer com “as pessoas olhem para nós, não só como uma casa que arruma livros, mas uma casa onde há sempre alguém para nós”. Neste âmbito, Ana Paula Neves ambiciona fazer da Biblioteca Pública Municipal João Brandão uma biblioteca que “em vez de emprestar livros, empreste uma pessoa para conversar, que pode ser uma enfermeira, um psicólogo ou uma outra pessoa qualquer”. Chamam-se “Biblioteca Humanas” que já existem “nos países nórdicos há muitos anos”.
A proximidade com a comunidade e o fácil acesso à biblioteca eram já objetivos inerentes à criação, em 1986, da Rede Nacional de Leitura Pública e preconizado no Manifesto da Unesco para as Bibliotecas de Leitura Pública. Mas, se antes o acervo bibliográfico era o mais importante, agora não é só. “Tem que ser muito mais”, entende Ana Paula Neves, que hoje verifica que ninguém vai à Biblioteca para ir ver uma enciclopédia, porque estão todas no Google. Exposições, ilustrações, encontros de prosa e poesia é que tornam as “bibliotecas vivas”.
No segundo dia da “Tábua de Leituras”, Ana Paula Neves reitera que o objetivo é que “a comunidade olhe para a biblioteca como um ponto de encontro, um espaço onde se podem criar relações de amizade, onde se pode conversar… e também ler”. Neste sentido, destaca o bom envolvimento da Universidade Sénior e das escolas.
Até esta sexta-feira, a Biblioteca está na rua. “Tem sido muito interessante. As pessoas reconhecem-nos e aderem”, conclui satisfeita a responsável.