A Santa Casa da Misericórdia de Tábua (SCMT) assinalou, ao longo de dois dias, 18 e 19 de abril, o seu 90º aniversário, com um vasto programa que culminou com a visita às diferentes valências da instituição e uma sessão solene comemorativa que contou com a presença de várias entidades religiosas e civis, e de representantes das Santas Casas da região de Coimbra.
Ao longo do dia de quarta feira, a direção da SCMT promoveu uma visita guiada às diversas valências sociais, a começar pela creche e jardim de infância, passando pelo Lar de S. José, tendo terminado no Centro de Acolhimento Temporário, que neste momento acolhe 14 crianças dos 0 aos 12 anos e é considerada uma das “valências mais sensíveis” da instituição e, por fim, a Unidade de Cuidados Continuados, que dá resposta na área da saúde, com um total de 74 camas integradas na Rede Nacional de Cuidados Continuados e oito privadas.
A abrir a sessão comemorativa, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Tábua, Sandra Mena, recordou, por ordem cronológica, os momentos altos da instituição, criada em abril de 1933 e que desde a sua fundação traçou como objetivo a construção de um hospital na vila de Tábua, sonho que viria a ser concretizado em 1955, com o apoio (fundos) de muitos tabuenses.
“A Santa Casa da Misericórdia de Tábua é uma instituição criada pela vontade e determinação dos tabuenses, com um fim único – prestar auxilio e cuidar dos mais frágeis”, sublinhou a provedora, agradecendo a todos os que ao longo destas nove décadas colaboraram com a instituição e a engrandeceram, reconhecendo, de forma particular, o trabalho de todos aqueles que diariamente ajudam a cuidar dos utentes nas mais diversas valências. “São as mãos que cuidam que fazem a instituição”, afirmou Sandra Mena, considerando o corpo técnico e de colaboradores o “testemunho vivo do bem cuidar”.
Numa altura em que estão presentes os símbolos da Jornadas Mundiais da Juventude – da solidariedade, da paz e do amor ao próximo, o Vigário Geral da Diocese de Coimbra, Pde Manuel Ferrão, entende que são também estes valores que “nos unem” nas Santas Casas da Misericórdia, que “são a expressão do amor e da solidariedade”. Deixou, por isso, uma palavra de reconhecimento e gratidão aos órgãos sociais e a todos quantos são o “rosto” da atividade da instituição- os seus funcionários, que têm aqui um lugar “predileto” e “essencial”. “A todos os que vivem este tempo, esta solidariedade e esta responsabilidade deixo uma palavra de gratidão”, rematou o representante da Igreja.
Também o Vice-Presidente do Município de Tábua e vereador com o pelouro da Ação Social, António Oliveira, sublinhou o papel cada vez mais preponderante da Santa Casa da Misericórdia de Tábua nesta área, o que “é visível pelo número de utentes que tem”. “É um parceiro fundamental na área da ação social do concelho, tem sido assim ao longo dos anos, e cada vez mais isso se nota”, afirmou o autarca, para quem a “rede social do concelho funciona muito bem”. António Oliveira entende que este trabalho da SCMT é um trabalho não só para o Município, mas para a região, referindo-se concretamente à Unidade de Cuidados Continuados de média e longa duração, que acolhe em Tábua utentes de vários concelhos da região.
“Tão difícil como construir é manter este edificado, porque os desafios são constantes”, constatou ainda o vereador da ação social, que ainda recentemente confiou na SCMT a delegação de competências neste setor social. “Obrigada à Santa Casa da Misericórdia de Tábua por todo este importante trabalho”, afirmou António Oliveira, prometendo o reconhecimento público destes setor, já no próximo mês, no âmbito da iniciativa “Tábua Mais Social”.
Do lado das Misericórdias Portuguesas, o presidente do Secretariado Regional de Coimbra, António Sérgio sublinhou o carácter “excecional” e “imprescindível” desta instituição e dos seus responsáveis que em “poucos anos conseguiu trabalhar para chegar até aqui”. Recordou todos os antigos provedores que marcaram a instituição, considerando que a atual Mesa diretiva também “tem estado à altura dos desafios”, o que foi bem notório ainda durante o tempo da pandemia de Covid-19 onde, apesar de “ficarmos todos em sobressalto, nunca Tábua passou lá para fora pelas piores razões”.
A fechar as intervenções da sessão solene comemorativa, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, felicitou a Misericórdia de Tábua por, ao longo destes 90 anos de vida, “estar a cumprir o desiderato do amor ao próximo”, sublinhando a “capacidade de resiliência, de ajudar as pessoas, de criar riqueza e de gerar emprego” destas instituições, o que faz delas “os maiores agentes de desenvolvimento local, a par com os Municípios”.
Pelo percurso feito até aqui, e apesar de ser uma das Misericórdias mais “jovens” do país, o presidente da UMP acredita que o caminho vai continuar a ser de “afirmação” e “integração na comunidade”, ajudando o Município a “superar as dificuldades que sempre existem”. Com um conjunto de valências “diferenciadoras” que vão da primeira infância à terceira idade, com destaque para a resposta na área da saúde no antigo hospital onde funciona a Unidade de Cuidados Continuados e o Centro de Acolhimento Temporário, o “universo” Santa Casa da Misericórdia de Tábua dá hoje resposta, diariamente, a mais de 500 utentes.