O presidente da Câmara de Tábua, Ricardo Cruz, denunciou, ontem, durante a reunião pública do executivo que decorreu, uma vez mais de forma descentralizada, na freguesia de Ázere, a existência de bens e serviços faturados pelas empresas do Grupo FTP que é detido pelo vereador eleito pelo PSD, Fernando Tavares Pereira, ao MAAVIM – Movimento de Apoio às Vitimas dos Incêndios de Midões, que também é liderado pelo autarca e conhecido empresário, que foram doados aos lesados do fogo.
O primeiro a atacar foi o vereador da oposição. Depois de ter ameaçado com o “Tribunal Europeu” “se não decidirem de acordo com aquilo que eu digo” relativamente ao reconhecimento do estatuto de utilidade pública daquele movimento e, voltado a acusar a Câmara de ter cometido injustiças no processo de reconstrução das casas ardidas, apontando casos de “pessoas que tinham casas e ficaram com ruínas e outras que não tinham casa e ficaram com casa”, Ricardo Cruz aconselhou Fernando Tavares Pereira a “preocupar-se mais com as contas da MAAVIM”.
“Em vez de estar com o discurso das perseguições e com ameaças, devia era estar de bem para tentar resolver alguma situação que ainda se possa resolver, e devia era analisar as contas da MAAVIM porque os vinhos que andou a oferecer às pessoas estão faturados à MAAVIM e outras coisas, isso é que se deviam preocupar”, acusou o edil, com o balancete de 2017 na mão, dando nota dos cerca de 2800 euros que aparecem nas contas referentes aquele produto, não sendo um bem “propriamente de primeira necessidade para quem acaba de perder uma casa”. “Deviam preocupar-se porque a MAAVIM foi apoiada com dinheiro dos contribuintes e muita gente que deu dinheiro de coração aberto para que essa associação pudesse apoiar as pessoas”, lembrou, lamentando que tenham sido faturados muitos artigos das empresas do líder do Movimento, para depois serem doadas.
“Damos coisas à população, somos os maiores do mundo e a seguir faturamos à Associação e encaixamos. Isso é que são exemplos”, denunciou o autarca tabuense, que foi acusado, no decorrer da reunião, de ter assinado um documento onde “não existia nenhuma casa”, e de nunca ter apresentado as contas da conta solidária, gerida pelo Município. Ao que Ricardo Cruz respondeu que a conta solidária já foi apresentada, e que irá também fazer um “levantamento exaustivo” do processo da casa a que o vereador do PSD se referiu, para o “chamar à razão” sobre as suas afirmações.
A rejeitar as acusações do presidente da Câmara sobre as faturas, Fernando Tavares Pereira garantiu que aquilo que está nas contas “foi tudo oferta” e que as suas firmas nunca receberam “um cêntimo” da MAAVIM. O vereador adiantou que “a Polícia Judiciária foi lá investigar as contas porque alguém fez queixa da gente”, lamentando que não tenham ido à Câmara “nem às contas solidárias”. “A MAAVIM apoiou mais de 20 mil famílias, apoiamos milhares de pessoas, coisa que a Câmara não fez, por isso há que ter um bocadinho de respeito por isso”, afirmou.
Não querendo prolongar a discussão sobre este tema, Ricardo Cruz tentou “dar” o balancete de 2017 ao vereador da oposição para este analisar as faturas do Grupo FTP, vertidas no documento na conta de fornecedores.