A Associação de Municípios da Região do Planalto Beirão (AMRPB), responsável pela gestão e tratamento dos resíduos sólidos urbanos de 19 municípios da região, apresentou publicamente os resultados da Operação POSEUR “Recolha Seletiva e Tratamento de Resíduos de Embalagens” cujo investimento, desde 2017, de mais de 19 milhões de euros, num total de 14 milhões financiados pela União Europeia, resultou na “duplicação dos resíduos enviados para reciclagem”.
“Hoje um quinto dos resíduos urbanos que produzimos são enviados para reciclagem”, fez notar o presidente do Conselho de Administração da AMRPB, Leonel Gouveia, durante uma sessão que teve lugar na sede da associação em Tondela, que contou com a presença de vários autarcas da região, representantes de organismos públicos, CCDRC e empresários.
A sublinhar que “foram cinco anos de muito trabalho e dedicação intensa”, Leonel Gouveia recordou os mais de sete concursos públicos internacionais, num total de 18 contratos, nove vistos do Tribunal de Contas e mais de 200 pedidos de pagamento, que estiveram na base do “sucesso” da “operação”, cujos resultados, adiantou “estão à vista dos utilizadores” e são “motivo de orgulho para os municípios”. “Vivemos tempos de decisão fundamental sobre o futuro dos resíduos sólidos urbanos” avisou, lembrando que é preciso colocar o país, e nomeadamente esta região, na trajetória do cumprimento dos compromissos europeus em matéria de economia circular. “Espera-se que o país e a Região Centro resolva algumas das suas limitações em matéria de gestão de resíduos sólidos urbanos, temos de reciclar muito mais e melhor em todas as fileiras” alertou o presidente da AMRPB, acreditando que este caminho faz-se reduzindo “fortemente” o envio de resíduos para aterro e, também, estendendo a todo o território a reciclagem de bio resíduos “com base em recolhas seletivas”. “De menos de 30% de resíduos urbanos reciclados atualmente, temos de passar para 55% em 2025, para 60% em 2030 e para 65% em 2035” antecipou, afirmando que a região tem de entrar numa “rota” em que a percentagem de lixo enviada para aterro seja no máximo de 10%. Uma meta ambiciosa que se propõe alcançar, de resto, com recurso a mais investimento e inovação. “Ao longo dos anos tem-se assegurado uma correta gestão dos resíduos, fruto de um constante processo de modernização e evolução tecnológica e hoje estamos mais fortes e mais aptos” considerou, atribuindo muito deste sucesso ao seu secretário executivo, José Portela, pela “competência e entusiasmo que dedica diariamente a todos estes projetos”.
O presidente da AMRPB falou ainda da tão esperada valorização energética dos resíduos tendo em vista a redução expressiva da deposição dos resíduos em aterro, que tem “reflexos na taxa de gestão de resíduos que para nós autarcas é reconhecidamente um custo que penaliza os cidadãos, ainda mais neste contexto inflacionário que pressiona o rendimento disponíveis das famílias”, constatou. “Acreditamos no futuro, vamos por isso continuar a trabalhar com o espírito de associativismo que caracteriza esta associação de municípios e vamos trabalhar com a mesma determinação dos últimos anos, contando com o indispensável contributo dos mais de 320 mil utilizadores dos 19 municípios, com a ambição comum de concretizar uma verdadeira economia circular de forma a garantir um futuro mais sustentável e equilibrado para as gerações vindouras”, concluiu o autarca e presidente da AMRPB, responsável pela recolha e tratamento de mais de 130 mil toneladas de lixo, por ano, numa área que se estende por mais de 4 mil quilómetros quadrados.
Também o vice presidente da CCDRC, José Morgado, chamou a atenção para as “apertadas diretivas europeias” que Portugal tem de cumprir nesta área dos resíduos, nos próximos anos, entendendo que só com “sensibilização e educação ambiental” é que será possível atingir as metas impostas pela UE. Enaltecendo o trabalho desenvolvido por esta Associação de Municípios, o antigo autarca de Vila Nova de Paiva, garante que “ao contrário do que acontece noutras regiões” em que surgem denúncias relacionadas com o funcionamento dos aterros, “aqui não há qualquer queixa sobre qualquer tipo de dano para o solo, água ou ar”, frisou, sublinhando o trabalho de valorização dos resíduos que tem vindo a ser feito pelo Planalto Beirão.
A representar o POSEUR, João Vilhena, que participou na sessão pública de apresentação dos resultados desta operação, de forma remota, recordou os mais de 18 milhões de euros de fundos comunitários recebidos pelo Planalto Beirão para a execução de projetos nesta área, representando a segunda maior candidatura do país, para ações na área da reciclagem.
A sessão terminou com a entrega de um donativo no montante de 2.800,00 euros a uma instituição de solidariedade social do concelho de Tondela – a Vários, que resulta da campanha solidária “Separar para Ajudar” que tem como objetivo converter cada tonelada de resíduos separada em apoios sociais para uma instituição de solidariedade da região.