O mês de setembro marca, para a maioria dos portugueses, o retorno à vida “normal ”.
Após um período de férias, é chegada a hora desse regresso, que difere conforme as idades.
Para as famílias é o regresso ao trabalho e aos horários rígidos; para as crianças e adolescentes é a quebra com os longos dias de lazer, convívio com os amigos, cada vez mais online do que presencial, infelizmente.
Mas setembro marca também o regresso à escola, independentemente do sentimento associado a essa realidade. Neste período é fundamental que os pais, em primeiro lugar, e os educadores, posteriormente, preparem as crianças e adolescentes para o início das aulas, adaptando-os novamente a hábitos diferentes que implicam um esforço acrescido para todos: levantar mais cedo, cumprir horários, redefinir o foco e a atenção. Para tal é fulcral que os pais transmitam aos filhos uma ideia positiva da escola para a formação integral e preparação para uma futura integração profissional. No entanto, o regresso é vivido por alguns alunos com expetativa, outros com ansiedade, dependendo da maneira como se encaram os novos desafios.
Não nos podemos esquecer, sociedade em geral, que a pandemia teve um impacto enorme nos adultos, mas sobretudo nas crianças e jovens e que, apesar de se estar a voltar, lentamente, à rotina pré-pandemia, o período da existência caracterizado pela despreocupada alegria de viver, sofreu um forte abalo. Esta geração COVID sofreu um impacto e transtorno enorme nas suas vidas e cresceu ansiosa e insegura. Para agravar mais esta situação e recear mais o futuro, é impossível não estarmos todos sensíveis às alterações climáticas catastróficas, às tensões entre nações e o perigo eminente de um acidente nuclear transformar as nossas vidas.
Neste sentido, e sobretudo para as crianças e os jovens, exige-se, cada vez mais, uma educação de proximidade e de participação efetiva de todos: família, amigos e educadores.
A Escola, a família e a sociedade têm que se moldar rapidamente e agir prontamente no combate ao agravamento da autoestima e do isolamento social. Esta luta, que vai ser diária, necessita do diálogo constante entre pais e filhos, como forma de promover uma boa relação parental e de qualidade em família. É essencial, chegar a casa e perguntar ao/à seu/sua filho(a) como correu o dia, como se sentiu na escola, para que essa experiência seja partilhada em conjunto.
Por isso, não há que apressar, mas sim que preparar para mudanças, com serenidade e confiança, mas, principalmente, ensinar a dar passos seguros nesta caminhada da vida, tal como dizia o poeta Miguel Torga no seu poema “ Sísifo “: «Recomeça… /Se puderes/ Sem angústia/ E sem pressa./ E os passos que deres,/Nesse caminho duro/ Do futuro/ Dá-os em liberdade. (…)».
Prof. Carlos Campos