Diariamente, ouve-se as pessoas a queixarem-se do Tempo: ou porque este passa demasiado rápido, estranhamente devagar, que o tempo da felicidade já passou ou que nunca mais é tempo de a atingir. Em certas ocasiões, é habitual dizer-se que se está a “perder tempo ”, quando o assunto não é particularmente interessante, porque consideramos que o “tempo é dinheiro ”, que estes tempos estão diferentes e que as coisas eram melhores “no tempo da outra senhora” ou “no tempo da Maria Cachucha”.
Mas, afinal, qual é a nossa relação com o tempo? A forma como cada um o encara pode ser diferente e pensamos, por vezes, erradamente, que o podemos e devemos controlar, porém, quando damos conta, passamos a vida a “correr contra o tempo ”.
Quantas vezes sentimos nostalgia daqueles momentos que já passaram ou nos inquietamos com o que estará para vir? No entanto, será que, na verdade, já demos conta que o importante é o que se vive no presente? É o gozo do instante que dá mais sentido à vida, tal como já afirmavam sabiamente os Gregos: carpe diem, vive o momento presente. Para que isso aconteça, é preciso saber aproveitar o tempo, pois é nele que construímos a nossa vida. É certo que o tempo cronológico vai fluindo, como um rio que corre para o mar, por isso não o podemos desperdiçar, mas desfrutar de todos os segundos de forma intensa. Victor Hugo, poeta, escritor e estadista francês do séc. XIX, já afirmava, com sabedoria, que “A vida já é curta, mas nós tornamo-la ainda mais curta, desperdiçando tempo.”
Nesta luta titânica do Homem com a inevitabilidade da passagem do tempo cronológico, temos de aprender a conviver pacificamente com ele, valorizando os momentos que estamos com a família ou com os amigos, ter um “ tempo com qualidade”, pois a nossa existência só faz sentido se for vivida. Não nos esqueçamos que a vida e o tempo são os dois maiores mestres: A vida ensina-nos a fazer bom uso do tempo, enquanto o tempo nos ensina o valor da vida. Esta preocupação excessiva com o tempo que parece voar é o que nos atormenta no mundo atual, mas já Marco Rodrigues (cantor) refere, na letra da sua música “ O Tempo “ que este “ não espera pela gente”.
Deste modo, aprendamos com as palavras de Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa:
Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.
Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.
Prof. Carlos Campos