Manuel António dos Santos Toneiro, conhecido no meio artístico como Manuel Tony, nasceu em 29 de Dezembro de 1950 em Vila Nova de Gaia e há cerca de 12 anos que habita em Candosa. Sem ter familiares ou amigos cá, simplesmente procurava um local calmo para viver. Passou, gostou do que viu e ficou. E Candosa também gosta dele, acolheu-o de braços abertos e basta interrogar os habitantes para se saber que o consideram como Candosense de nascimento.
Porque o Tony é solidário e sempre que é solicitado, seja na vida artística, seja na privada diz “presente” e não desampara um amigo. Foi, assim, para ajudar a reconstruir o Clube Recreativo de Várzea, que ardeu em Outubro de 2017, fez dois espetáculos de graça, num deles acompanhado pela esposa Ângela, que também canta, e o único encargo para o Clube foi a outra fadista, Odete Rocha e os guitarristas.
Devido à pandemia, o Rancho Regional e Folclórico de Candosa precisa de ajuda e o Tony atua gratuitamente e chama uma grande fadista, Carolina Pessoa, acompanhada por Sílvio Girão na guitarra, Vítor Morgado na viola de fado e Luís Loureiro na viola baixo e também fadista, fazendo encher o Pavilhão Gimnodesportivo de Candosa para uma noite grandiosa de fado. O Rancho teve o encargo dos artistas convidados, mas o balanço foi positivo.
Esta mesma equipa esteve no encerramento das Noites de Verão, promovidas pela Junta de Freguesia de Bobadela, ao ar livre, no centro histórico, entre as ruínas romanas e quem assistiu não deve esquecer o ambiente mágico que se viveu, a comunhão entre as guitarradas e as grandes vozes a ecoar na noite, rodeados por monumentos históricos.
E no passado dia 1 de outubro Manuel Tony foi convidado para a celebração do 66º aniversário da Associação Recreativa da Póvoa de Midões, onde cantou acompanhado pela fadista Odete Rocha, Luís Negrão na viola, João Devesa na 1ª guitarra e João Santiago na 2ª guitarra. Mais uma noite de sucesso a juntar ao longo percurso de Tony.
E foi sobre a sua vida anterior que ele nos falou. Aliás, nos finais de 2021, foi organizada no Centro Cultural de Tábua uma noite de fados para celebrar os 50 anos de carreira, embora eles já tivessem passado, não sendo possível celebrar antes devido à pandemia.
Mas a vida de Tony tem sido bem preenchida e diversificada. Com 15 anos, em 1965, começou na Rádio Clube Português Norte, em Miramar, Vila Nova de Gaia. Facto curioso, antes do 25 de Abril era obrigatório ter carteira profissional para cantar e organizar espetáculos em qualquer local, carteira essa que só era emitida a maiores de 18 e o Tony só tinha 15, mas como já tinha cartazes com o seu nome, foi-lhe concedida.
Com cerca de 17 anos foi para Lisboa, onde foi gerente de casas de fado, cantou durante 40 anos em Alfama e não só. Teve também um grupo de baile noutro estilo de música, mas foi como fadista que gravou três cassetes, ainda não havia CDs, e posteriormente um CD. Fora de Portugal Continental chegou a ir atuar aos Açores e à Suíça para os emigrantes. A sua profissão principal era camionista de pesados, mas dentro do país, o que lhe permitia ter os fins de semana sempre livres para os muitos espetáculos nas casas de fado.
Entre 1971 e 1973 cumpriu 36 meses de tropa em Angola e, num aparte, refere fazer parte do Núcleo de Tábua da Liga dos Combatentes.