Fabricante de máquinas de limpeza de precisão trabalha para conhecidas marcas de alta joalharia/ relojoaria, aviação comercial, eletrónica e indústria automóvel
Começou por importar e fazer a manutenção de equipamentos de limpeza de precisão, juntamente com um sócio, mas cedo percebeu que podia acrescentar valor ao seu negócio, avançando com a criação e produção própria destes equipamentos. Estávamos em 2014.
Armando Pereira, o gestor que não esconde a sua verdadeira vocação para as “engenharias”, decidiu dar o passo sozinho e escolheu Tábua para fixar a empresa e dar asas a um “sonho” que vinha amadurecendo. Os primeiros dois anos de actividade foram dedicados quase exclusivamente ao desenvolvimento e design de equipamentos, e a entrada no mercado acontece verdadeiramente só a partir de 2016. Hoje, passados oito anos, e com uma pandemia pelo meio, que colocou alguns dos principais mercados em “stand by”, o dono da Critical Flow pode gabar-se de ter já uma carteira de clientes de “luxo” e as perspectivas para os próximos anos são igualmente “muito animadoras”.
Armando Pereira refere-se nomeadamente à alta joalharia e relojoaria para quem produz as suas máquinas de limpeza de precisão, mas também à indústria automóvel, com a ascenção dos veículos elétricos. Se no caso dos acessórios de luxo, os clientes procuram potencializar e evidenciar o brilho e a qualidade dos objetos, já no setor automóvel são questões de performance e de segurança que podem estar mesmo em causa. “Toda a eletrónica destes veículos está a ser minimizada para terem cada vez mais autonomia, pelo que a qualidade da limpeza de todos estes componentes tem de ser enorme e não pode falhar”, descreve o empresário, que está a desenvolver protótipos para entregar daqui a dois anos a empresas do ramo automóvel, mas também na área da eletrónica, nos Estados Unidos da América.
“A limpeza pode fazer a diferença na performance do carro, imagine que no sistema de airbag fica uma micro partícula metálica, no caso de este disparar pode furar o airbag e matar uma pessoa ou pelo menos pô-la em risco”, explica, lembrando que é a única empresa em Portugal com esta “gama de fabrico”. “Os nossos concorrentes estão no estrangeiro”, diz, talvez para justificar o elevado número de pedidos de cotação, neste momento, para os seus equipamentos. “Os nossos clientes são multinacionais, que são cada vez mais confrontados com normas de qualidade para a limpeza de peças que lhe são exigidas pelos seus clientes em termos de diferentes tipos de contaminação”, refere o empresário, lembrando que foi preciso lutar contra alguns “preconceitos” de empresas estrangeiras relativamente a Portugal e à capacidade das empresas portuguesas quando se fala “em elevada precisão”. A nível nacional provavelmente um dos seus maiores clientes é mesmo a TAP.
“Entregámos ainda há pouco tempo uma máquina gigantesca que mal cabia nas nossas instalações, que vai fazer a limpeza de todos os componentes dos motores e trens de aterragem dos aviões, que é sempre uma área muito critica para a segurança” , adiantou o gestor com alma de engenheiro, habituado a desenhar e projetar equipamentos à medida das necessidades e exigências de cada cliente. Se pensarmos que muitos dos objetos que nos chegam às mãos, como telemóveis, computadores, óculos ou lentes têm de passar por máquinas de limpeza de precisão, então aí percebemos melhor a importância destes equipamentos fabricados pela Critical Flow, que está orgulhosamente em Tábua e não cedeu à tentação de se localizar num grande centro urbano.
Apesar de reconhecer que é mais fácil encontrar pessoal qualificado para trabalhar numa grande cidade, o empresário a residir em Nogueira do Cravo, no concelho vizinho de Oliveira do Hospital, defende que “temos de puxar por estes territórios” e ajudar a “desenvolvê-los” para “não continuar a ir tudo para o litoral”. Soma a isto muita resiliência e teimosia “em fazer algo diferente”, e os resultados estão à vista: “temos sido bem sucedidos”. Com uma faturação em 2021 a rondar os 1,5 milhões de euros, a Critical Flow tem agora “perspectivas muito interessantes”, com a aposta no mercado suiço dos artigos de luxo, mas também nos mercado alemão e norte americano.