A Casa dos Tabuenses em Lisboa, fundada em 29 de janeiro de 1933, completa no próximo domingo, dia 29, nove décadas de atividade. A efeméride vai ser assinalada em Algés, no restaurante Caravela D’Ouro, a partir das 12h30, com a presença de sócios e amigos da casa, regionalistas e responsáveis autárquicos de Lisboa e do concelho de Tábua, entre outras entidades.
Inicialmente designada por Grémio Regional Tabuense, a Casa dos Tabuenses em Lisboa assegurou nos últimos 90 anos a presença e promoção do concelho de Tábua na capital. Este foi, afinal, o desiderato a que se propuseram os seus fundadores que, junto dos demais conterrâneos em Lisboa, pretendiam conseguir na capital os meios para proporcionar melhorias no concelho.
A presidir aos destinos da Casa dos Tabuenses desde 2013, altura da perda da sede em Lisboa devido à subida drástica da renda mensal decorrente da atualização da lei do arrendamento (renda passou de 120 Euros para 500 Euros), António Pais de Almeida recorda o nome de Castanheira Figueiredo, à data magistrado e presidente da Câmara Municipal de Tábua até 1932 que, já na capital, e com outras figuras de influência comparável fundaram o Grémio Regional Tabuenses. “Já tinham a intenção de construir a Santa Casa da Misericórdia de Tábua e o Hospital”, contou o atual dirigente ao Notícias de Tábua (NT). Aquelas eram “pessoas com muita influência” que contribuíram para o arranque da Santa Casa da Misericórdia em março de 1933 e para que o hospital fosse inaugurado em 1955.
Mas se as primeiras décadas da Casa dos Tabuenses em Lisboa foram “gloriosas” pelo que foi conseguido para Tábua, os anos 80 e 90 foram de “alguma estagnação”, tendo mergulhado nos últimos anos “numa fase de sufoco”. Assim analisa António Pais de Almeida, que é ainda categórico ao considerar que “a partir do 25 de abril, a importância das casas regionais se diluiu”. É que, como recordou ao NT, antes do 25 de abril os tabuenses juntavam-se na sede e promoviam excursões à terra. Nos anos 80 e 90 ainda se realizaram bailes e outras iniciativas para angariar proveitos destinados à Santa Casa da Misericórdia de Tábua. Mas, desde 2013, com a extinção da sede, as reuniões acontecem na sede da Associação das Casas Regionais de Lisboa e são poucos os tabuenses que se mostram entusiasmados.
António Pais de Almeida não deita a toalha ao chão. Move-o também o apoio da esposa Ana Paula Moreira de Matos. Juntos têm insistido em promover o concelho na capital. Ao casal junta-se também o espírito regionalista do presidente da Assembleia da Casa dos Tabuenses, Amílcar dos Anjos Martins.
Sem qualquer fonte de receitas ao contrário de outras casas concelhias na capital, a Casa dos Tabuenses subsiste apenas com a quota anual dos sócios. “Teoricamente temos 600 e tal sócios, mas apenas 120 pagantes de uma quota anual de 10 Euros”, lamenta António Pais de Almeida. Sem verba para fazer face às despesas da atividade de promoção do concelho na Capital, com a presença em encontros das casas concelhias em Lisboa, António Pais de Almeida vê-se muitas vezes forçado a suportar despesas. Por ocasião de cada representação, o casal regressa a Tábua para adquirir produtos locais de qualidade representativos do concelho como os vinhos, queijos, doçaria e artesanato.
Ainda que o momento atual seja de sufoco, como referiu ao NT, Pais de Almeida acredita que “vale sempre a pena continuar com a Casa dos Tabuenses em Lisboa”, assim haja “pessoas dispostas a trabalhar voluntariamente”. “É uma porta que temos aqui aberta”, entende o dirigente que se diz movido pela “paixão” que tem pelo regionalismo, mas que só é possível devido à sua “disponibilidade financeira”.
No início do novo ano e de uma nova década na história da Casa dos Tabuenses, António Pais de Almeida espera assistir a um impulso do movimento regionalista que permita reforçar a presença da Casa dos Tabuenses em Lisboa. A nova direção que deverá ser eleita neste ano terá o desafio de criar a nova sede da Casa, num processo a tratar junto do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana.
A atividade da Casa tem sido acompanhada de perto pelo executivo municipal de Tábua que no próximo dia 29 se vai associar à comemoração do 90º aniversário. Mas, pese embora o apoio demonstrado, Pais de Almeida sabe que “as Casas em Lisboa têm que ser governadas com pessoas em Lisboa”. “Há muitos tabuenses na capital, mas não estão sensibilizados para esta componente regionalista”, observa o dirigente, que espera assistir ao reforço do movimento regionalista.
A Casa dos Tabuenses em Lisboa integra o grupo de 25 casas concelhias associadas da Associação das Casas Regionais em Lisboa. Parte da sua história está contada no livro “80 anos da Santa Casa da Misericórdia de Tábua” e na obra editada por António Rodrigues de Andrade (um dos fundadores) até ao ano de 1966. Desde a extinção da sua sede, o espólio da Casa encontra-se num espaço da Misericórdia de Tábua